Sei que esse assunto é polêmico. Como tirar lições aplicáveis num negócio de um criminoso como o Simon Leviev, conhecido como O Golpista do Tinder. Lembrando que não se trata de apologia, mas sim uma análise de estratégias que são aplicadas nos negócios também.
Uma pessoa sábia é aquela que aprende com situações ruins e mais ainda, com os erros dos outros, aqui falaremos de ações gerais de gestão e marketing que já são usadas no dia a dia dos negócios mas podem ser encontradas nesse documentário.
Primeiro, vamos listar os fatos e dados para que você, que não assistiu ao documentário, possa entender do que abordarei nesse artigo. Já vou adiantando que esse conteúdo contém spoilers.
Simon Leviev é um homem, na faixa de 30 anos, israelense, que vive na Europa e ficou conhecido por aplicar golpes financeiros em mulheres que conheceu através do aplicativo de relacionamento Tinder.
Como funcionam esses golpes
Simon se apresenta como um empresário do ramo de diamantes, filho de um bilionário, ostenta uma vida de luxos com carros, jantares, roupas de grife e viagens. Basicamente ele contata mulheres, as envolvem nesses luxos, ganha a confiança seja com uma amizade sincera ou prometendo um relacionamento sério com casamento com filhos.
O próximo passo é inventar uma história de que é perseguido por inimigos, afinal ele é um homem rico e poderoso, diz que suas contas bancárias estão bloqueadas e que, para continuar sustentando sua vida, necessita de dinheiro e pede para essas mulheres quantias enormes emprestado.
Essas mulheres emprestam o que tem, fazem empréstimos (muitos deles) e se endividam com a promessa de ele pagará (afinal ele é muito rico, muito amigo, futuro marido e já pagou por muitos luxos para elas), mas esse pagamento nunca acontece.
Até que uma das mulheres resolve investigar a vida de Simon e descobre que ele é uma farsa, inclusive seu nome. Ela contata a empresa de cartão de crédito American Expressa que já o conhece também por ter acontecido situações parecidas anteriormente, descobre que ele responde a processos no país de origem por identidade falsa e encontra golpes em outros países pela internet. Com isso se inicia uma investigação com ajuda de um grande jornal Norueguês para encontrar o Simon para que ele seja preso pelo processo que ele tem em Israel.
O que vamos analisar aqui são lições mais especificamente de marketing e experiência do cliente e como o Simon convencia essas mulheres a “comprarem” seu produto, ou seja, como ele conseguia dinheiro delas.
07 lições de gestão de negócios:
1. Usando o Tinder como ferramenta de coleta de leads
Simon utilizava o aplicativo para coletar as pretendentes ou seja, atrair seus prospects. Assim como usamos as redes sociais e os anúncios pagos nos negócios. Nos expomos ao nosso público alvo, quando alguém do nosso público se interessa pelo nosso produto, ou seja, dá match, inicia nosso trabalho de prospecção. Era exatamente assim que o Simon agia, afinal, é muito mais ágil utilizar a internet do que bater de porta em porta.
2. Gerar autoridade
O Simon ostentava muito em suas redes sociais, enviava fotos de suas viagens e jantares para seus prospects. Nessa fase de prospecção é importante que o cliente te conheça mais a fundo, crie confiança de que o que você tem a oferecer vale a pena comprar. Simon trabalhava muito bem isso com as mulheres que se interessavam por ele, envolvendo-as em viagens, jantares e dando muita atenção. Até encontrar o momento certo de fazer a “oferta”.
3. Processos padronizados numa régua de relacionamento
Simon agia praticamente da mesma forma com todas as mulheres. No filme é demonstrado que ele usava as mesmas palavras, discursos, mentiras e fotos com várias mulheres. Isso é a padronização de um processo, assim fica mais fácil de controlar seus prospects e a fase que cada um deles está até o momento certo da venda.
4. Definição exata da persona
O golpista sabia exatamente como envolver cada uma das mulheres porque conhecia muito bem o perfil delas. A maioria desejava relacionamento, então ele logo prometia casamento, morar junto, ter filhos, o que encantava quem tinha esse objetivo. Quem ele percebia que não estava com esse objetivo ele envolvia em outro modelo de relacionamento, da amizade, das viagens e curtição. Mas sempre mulheres com emprego estável, na faixa dos 30 anos, que gostavam de viajar. Estrategicamente ele escolhia de diversas localidades.
5. Tática: dê, dê, dê e venda
Essa é uma tática muito comum. Oferecer amostras grátis, por exemplo, ou um conteúdo gratuito para depois fazer a oferta de venda. Nesse momento da entrega grátis que se estreita o relacionamento cliente e empresa. Simon fazia o mesmo. Fazia muito pelas mulheres, levava para jantares e viagens até o momento de sugerir que procurassem um apartamento para morar juntos. Oferecendo um orçamento alto para morar num lugar de alto padrão. Quanto mais se doa ao prospect, mais se ativa o gatilho da reciprocidade no momento da oferta. Afinal, todo relacionamento saudável possui uma via de mão dupla.
6. Um produto sustenta o crescimento do outro
Em toda empresa existe uma cesta, mix ou esteira de produtos, ou seja, uma variedade. Alguns produtos vendem mais outros menos, essa diferença entre a receita de um e outro produto deve compensar no final. Simon agia assim também. Tinha várias mulheres enviando dinheiro para ele ao mesmo tempo o que fazia o capital de giro dele. Como cada mulher estava num estágio de relacionamento com ele, o envio de dinheiro de uma custeava os luxos oferecidos a outra, criando um ciclo de subsistência.
7. Gatilho da urgência
Quando Simon pedia dinheiro para as mulheres, sempre o fazia com urgência, já oferecendo as possíveis soluções como um adicional de cartão de crédito, empréstimos, saques e até mesmo venda de bens. Essa fase era altamente estressante para as mulheres pois ele se mostrava em perigo e até mesmo sem lugar para se hospedar. O que causava essa urgência nas mulheres em resolver o “problema” dele que, na verdade, não existia.
A mulher que iniciou a investigação conseguiu contatar outras mulheres que estavam sendo enganadas ao mesmo tempo e todas pararam de dar dinheiro para ele ao mesmo tempo. Com uma troca de mensagens entre elas, a ajuda do jornal norueguês e contato com a policia de Israel, Simon foi preso num aeroporto.
Infelizmente, não pelos golpes , pois se considera que elas emprestaram dinheiro por livre vontade e não sob coação, mas sim pelo crime de identidade falsa. O filme termina com Simon refazendo sua vida com carros, jantares e viagens. Seu perfil no Instagram e no Tinder foram derrubados. As mulheres arcam com as dívidas até hoje e o caso serve de alerta para todos nós.
Com certeza essas lições de gestão serão muito úteis para seu negócio, sempre utilizando as ações de forma honesta, correta e com objetivo de levar seu cliente a comprar um produto que possa ajudá-lo de alguma forma.
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Abraço
Thais Almeida